domingo, 3 de julho de 2011

Dormindo com o Demônio


Ano de Nosso Senhor de 772, Zagreb, Dalmácia


À Sir Baz Emired, Pobre Cavaleiro da Paixão da Cruz de Acre


Venho por meio desta pedir desesperadamente sua atenção a nossa causa, valoroso e santo Cavaleiro. Há meses venho percebendo mudanças nas atitudes de meu Marido e senhor, o Duque de Dálmata. Suas manobras com o exército do castelo, e a movimentação das tropas de apoio espalhadas pelo reino me preocuparam desde o início, mas como não se tratavam de meus assuntos, nem tampouco queria ofender meu amado esposo com minhas intromissões, sofri calada ao vê-lo voltar para o castelo tarde da madrugada depois de visitar a Casa da Noite.
Nunca me foi permitido, mesmo como Duquesa, nem a nossos filhos, seus herdeiros, entrar naquele prédio sinistro, onde os barulhos e atividades só acorrem após o pôr do sol, e quando eu o perguntava sobre aquilo, ele ficava irritado e por vezes chegou a me bater, se arrependendo depois, como se a simples menção ao lugar significasse um risco a minha segurança e a de meus filhos. 
Nichola chegou a cogitar que eu e as crianças nos mudássemos para o castelo de meu pai, um rico Conde em Budapeste, mas há poucos dias ele subitamente mudou de ideia, animado e empolgado com algum acontecimento estranho, que segundo ele mudaria nossas vidas.
Noite passada, nobre cavaleiro, houve um infame ataque do grupo de ladrões das estradas conhecidos como Sanjayans, que, embora eu, ignorante nos assuntos de guerra, ainda percebi se tratar de um número absurdo de guerreiros. Segundo um dos conselheiros, passava de mil os soldados do inimigo. A batalha foi longa e angustiante e temente pelo destino de meu marido, o desobedeci e fui ao parapeito mais proximo, observar o conflito. Para meu terror, o campo de batalha estava repleto de seres medonhos, capazes de proezas incríveis e assustadoras, eles bebiam o sangue dos guerreiros que matavam e pareciam cada vez mais sedentos, tanto do lado do inimigo quanto do nosso. Qual não foi minha surpresa quando vi meu amado esposo, com apenas um golpe de sua espada, arremessar um soldado inimigo, armadurado, como se fosse um boneco de palha. Hoje pela manhã, me trouxeram meu amado marido moribundo, mortalmente ferido, os médicos me desenganaram e disseram que me preparasse, pois o Duque de Dálmata não passaria desta noite.
Em prantos comecei a planejar uma rota de fuga para mim e as crianças, visto que não me deixariam sentar ao trono nem tampouco respeitariam minhas palavras. Os homens da família Kreshmir lutariam pelo trono e eu e meus filhos possivelmente seríamos veladamente assassinados.
Qual não foi minha surpresa quando um dos conselheiros veio até mim, dizendo que o Senhor Jesus Cristo, Misericordioso e Todo Poderoso havia operado um milagre e que Nichola havia subitamente melhorado e que sua vida estava salva.
Sir Baz, estou aterrorizada. Muitos dos que estão no castelo agora são os mesmos monstros sangunários que vi no campo de batalha, e temo que meu marido, que deus me perdoe, tenha se tornado algum tipo de escravo do demônio.
Sei que o senhor e vossos soldados são conhecidos por levar de volta para o inferno, bruxas, demônios e outros seres malignos pela força da palavra de Deus e pela lâmina de vossas espadas, e que sabes que o que vi não foi apenas fruto de minha mente horrorizada. Por isso imploro pela vida de meus filhos que venha nos salvar. Que seja rápido pois temo por minha vida, ou coisa pior.


Desesperada por vosso auxilio, Krisztianna Kreshmir, Duquesa de Dálmata.

5 comentários:

  1. Mortais importantes darão trabalho, fato.
    Escolhi esse sistema de cartas para ilustrar as opiniões em primeira pessoa, de forma mais intimista. Espero que estejam gostando, mas se começar a enjoar por favor me digam =)

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  2. Muito bom! Eu gosto desse sistema, acho bem interessante, agora, os mais fortes que lidem com os caçadores HAUHAUAHUAHU

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  3. Bolei com a mulher, noite escura pra caramba e chovosa pra caramba como foi narrado, o edifício dela o mais longe da batalha como foi narrado, o castelo no alto da montanha como foi narrado e ela enxergou alguma coisa la em baixo? Esses cavaleiros tem que matar eh ela! auhauhauhauhaua

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  4. Uhahaahahahahahau convenhamos que um ser girando uma montante e fazendo um pequeno terremoto espalhando montinhos de 15 a 20 mortais pro alto não é algo muito dificil de se perceber XD

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  5. p.s: a sua afirmação tem mais fundamento do que vc imagina ho ho ho

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