quinta-feira, 8 de março de 2012

Salmos no Deserto




(Fragmento do diário de Mirza Ala al-Din, Dicipulo de Salomão, O grande e senhor dos Taftani )


O antigo e o novo se unem através da luz.
A idade das trevas está terminando e os seres da escuridão perderão seu reinado. E foi pelas palavras de um deles que recebi o sinal.
A Hashashin, bela como o paraíso e perigosa como um Djinn me deu a localização da ultima chave. Belial.
Alah que me desculpe, já que fui batizado em nome dele, mas reconheço os tomos de Salomão como ninguém além dele, e sei que os antigos deuses (e demônios) ainda vagam em busca de vingança.
Está tudo documentado. O Grande Daeva, Jaeveh, Alah, ou simplesmente Deus, marchou com sua milícia sobre os pagãos pois acreditava ser o único com luz suficiente para proteger os homens. Um a um os panteões perderam espaço, seus deuses egoístas perderam seguidores, e sem poderes, viraram presas fáceis para os anjos do paraíso e suas espadas de fogo. Babilônicos, Gregos, Egípcios, Nórdicos e Persas. Todos os deuses tombaram para o cajado de Deus. E isso não é só uma metáfora, é a pura verdade.
Os anjos caidos tombaram pois em sua ganância, apoiaram gregos e nórdicos na guerra divina, foram todos massacrados pelo conquistador da luz. Muitos desses deuses derrotados foram lançados ao inferno junto com seus traidores aliados, e lá se acomodaram com sua nova essência, tornando-se demônios. Outros no entanto, se negaram a tal humilhação e preferiram fugir para a Terra, vestindo a pele de humanos e vagando sem memória até os dias de hoje sendo perseguidos pelos arcanjos sem piedade. No entanto, alguns poucos foram amaldiçoados pela única vergonha que o Deus supremo não conseguiu esconder. 
Mithras, Vingador de Mazda, aquele que domou o touro e com ele todo o mal do mundo. Hoje ele vaga morto pelas terras da Bretanha, a procura de alguém que não se lembra, mas que está perto, e sabe da verdade.
Antes da Guerra, Mithras amava Perih. Perih era uma mensageira da côrte de Mazda que visitava a babilônia e lá era tratada como deusa. Linda por essência e traiçoeira pro profissão. O amor dos dois era cantado pelos bardos persas até se esquecerem do romance. Até que o conquistador fez o reino de Mazda tombar em fogo e enxofre e Mithras assistir sua amada Perih ser partida em duas pelo arcanjo Gabriel.
Mithras em sua amargura jurou vingança, mas estava tão patéticamente fraco que só conseguiu se exilar na terra, recebendo preces e poder de pequenos grupos, escondido e temeroso. Perih foi levada ao Inferno e lá fez sua morada, ardendo de saudades de seu amor divino e sedenta de vingança. Mas lhe faltava a metadade de luz, essa perdida para sempre.
Mithras enfim se esqueceu de Perih, pois se esqueceu que era um Deus. Se tornou um guerreiro nos exércitos dos homens e lá foi amaldiçoado para sempre.
Salomão, o sábio Rei que ouviu a verdade sobre a Guerra Divina, entende que se os derrotados forem libertados mais uma vez, o Mundo se acabará em guerra e fogo. Nós os Taftani somos os herdeiros dessa missão. E hoje eu começo a jornada para levar Belial de volta ao cativeiro. Peço perdão a Mithras, o Deus na Terra, mas sua amada Perih continuará separada de ti, por toda a eternidade.

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