Generais e Herois

Então chegou a hora de reencontrar mais uma figura histórica. Como a existência é traiçoeira, não?
Somos três herois. Nossos nomes estão nos livros e textos históricos como guerreiros poderosos, grandes tiranos ou deuses. Se dissermos nossos nomes a um erudito, ele saberá exatamente quem somos, de acordo com relatos de seus filósofos e de gente que esteve lá, supostamente ha mais de 3, 5 milênios atrás.
Levando em consideração que os relatos estejam intactos ha mais de 3 milênios, sem nenhum engano e sem nenhuma modificação com o passar do tempo, eu sou Meneleus, o Rei Corno de Esparta, traido pela bela Helena de Troia e deflagrei uma guerra que envolveu toda a Grécia apenas por ódio. Tenho aqui comigo, estaqueado e devidamente bem guardado o poderoso Hannibal: O Conquistador. General das tropas de Cartago, injustamente atacado pelas hordas Romanas por pura inveja e cobiça. E eis que chega a nosso convívio, o Deus na Terra, Mithras, filho de Mazda, Deus Persa da Luz, aquele que trará de volta a paz e destruirá o touro da escuridão, o maligno Angra.
No entanto, a realidade é mais impiedosa do que os livros e tomos de história e humanos contam apenas aquilo que vêem. A verdade é que somos três cainitas imundos, vagando por sangue e destruição há milênios, trazendo caos e morte por onde passamos e interferindo na política humana como se fossemos deuses brincando com uma toca de formigas.
Eu, ha milênios amargo o ódio por aquela que me traiu, que a vida cuidou de deixar tão imortal quanto eu. Hannibal, se torna a cada noite uma besta incontrolável, que ainda busca por suas tropas mortas afim de reerguer um império de esqueletos que o Mundo nem mesmo se lembra que existiu. Já Mithras, o poderoso, vive de mostrar aos outros que abomina o nome de Deus na Terra, mas que destruirá com apenas um golpe aquele que tentar roubar a alcunha para si, o que inclui desde reis vagabundos de pequenas terras no leste até o próprio Alexandre o Grande.
Será uma reunião no mínimo engraçada. Cada um de nós exibirá a civilidade aprendida durante os milênios, mas secretamente procurará uma falha grande o suficiente na armadura do outro para que a espada atravesse sem chances de sobrevivência. Ah, a sociedade cainita. Quanto mais a vejo, mais me apaixono por ela.