sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Construindo Alicerces


Uma Grande nuvem negra se aproxima da Bretanha.
Nossas capelas se apressam para se fortificar. A idéia é esperar a tempestade passar e torcer para que nada nos atinja.
Bem, este é o plano da maioria de nós, Tremere, visto que em teoria, essa guerra que se aproxima não é nossa, e nem deve ser. Será mesmo?
É certo que de todos os clans, o nosso é o único imune á onda de patricídio generalizado que varre a Europa deixando pó e sangue por toda a parte, já que nossos laços com nossas crianças são fortes demais para que possam nos trair.
Será mesmo?
Eu, por mim, preferi educar minha querida flor da neve com cuidado e gentileza. Assim não dei motivos para que ela pensasse em querer meu pescoço. Creio que é uma atitude tão óbvia e simples que até me surpreendo quando vejo vampiros velhos e sábios maltratando suas proles e enchendo seus corações de ódio.
De um lado, os anciões buscam meios de se defender da Inquisição, buscando a discrição e o anonimato. Esse movimento cresce a cada noite na Bretanha e na França. E ganha forças cada vez que um ancião cai para as espadas sagradas.
Do outro estão os anarquistas, sedentos por vinganças e poder fácil. Eles avançam pela Europa e já deixaram a Ibéria em chamas, começando a trazer terror para os antigos da França e fazendo a Corte do Amor desmoronar sob seus alicerces frágeis de confiança, paz e harmonia tão belos qaunto seus criadores Toreador, e tão inuteis quanto.
Minha senhora é uma fiel aliada de Lord Mithras, enquanto minha prole caminha ao ldo de um dos líderes da Anarquia. Enquanto os Tremere covardes se entocam nas capelas esperando a chuva de sangue e fogo passar, eu construirei nosso Alicerce entre os anciões. Mais de um deles precisará de defesas místicas para seus refúgios, e mais de um pagará bem por um gárgula como guarda-costas.
Seja pelos anarquistas ou pela Le Masquerade, o Clan Tremere tem uma chance única de subir em todos os patamares da sociedade Cainita. E eu, assim como minha linhagem, aproveitaremos essa oportunidade. Definitivamente.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Whiterun

Ainda sinto o cheiro da neve caindo sobre o couro recém curtido, escuto as vozes dos homens saindo para a caçada, as mulheres rindo e as crianças brincando, escuto o uivo do lobo ao longe e o relinchar da égua de minha família sentindo as dores do parto. Era tradição em minha tribo, todo habitante tinha seu espírito protetor e companheiro um cavalo de uma raça selvagem das montanhas, cavalos velozes e vorazes e, ainda sim, dóceis e amáveis. Sempre que uma criança nascia era dada a ela o espírito protetor da família, um potro nascido dos espíritos ancestrais. Hvit nasceu em um inverno longo, noites e dias escuros, mas Hvit nasceu com a luz do sol escondido em seu pêlo e em seus olhos, branco como a neve ao amanhecer, reluzente como os primeiros raios de sol.
A vida era tranqüila e eu aprendi os segredos de Midgard, os deuses, as crenças e os ritos, era uma xamã, eu curava desde uma simples dor até um ferimento de espada ou presa de animal.
Quando cresci um pouco mais e meu espírito protetor começou a me ensinar os segredos das terras de Asgard, o mundo dos deuses, me ensinou a controlar os elementos através da energia que os deuses liberavam para que pudéssemos obedecê-los, me ensinou sobre as runas e como prever o futuro com elas.
Certa noite eu estava praticando meus novos poderes e minhas runas brilharam, fui vê-las e quando toquei nelas eu vi coisas horríveis. Homens vestidos de branco com cruzes pintadas de vermelho, fogueiras, gritos das pessoas que eram jogadas ao fogo, o relinchar dos cavalos desesperados e o choro das mulheres, o tilintar das espadas sendo chocadas umas nas outras e vi um homem, vestido de negro, o olhar profundo e austero, porém tinha um rosto bem jovem, suas sombras tinham vida e eu soube que aquela era o deus Loki. Quando minha visão se tornou real eu tive certeza que o grande deus Loki precisava de mim e veio me salvar para ampará-lo.
Após o extermínio da minha vila pela Igreja eu nunca mais vi Loki, eu e Hvit vagamos pelas terras nevadas e escuras e eu rezava para que Loki viesse me amparar novamente, porém Loki é um deus mal e brincalhão, talvez estivesse querendo me confundir para ser merecedora de seus ensinamentos. Eu consultava minhas runas todos os dias para encontrá-lo e elas me mostravam ele dormindo, porém minhas runas não me mostraram quando os emissários de Freya vieram me buscar e fui submetida aos ritos de passagem deles. Abraço coletivo do clã Tremere e eu como uma aprendiz inocente dos dogmas místicos. Anos a fio eu fiquei trancafiada e meu espírito protetor me pediu meu sangue para que ele jamais me abandonasse e eu assim o fiz, fiz dele escravo de meu sangue e eterno como eu. Passados anos da minha prisão eu fui solta pela pessoa que se intitula até hoje minha “senhora”, naquele dia eu honrei um apelido que ganhei quando era jovem Vit Köra, corredora branca, pois vivia fugindo de meus pais para o meio da neve e me escondia sob a pele de urso que eles haviam me dado. Eu montei em Hvit e corremos pela neve da Skåne (Escandinávia) e fugi para os impérios da Prússia. Quando já não agüentava viajar ela me encontrou novamente e me convenceu que era diferente dos outros sacerdotes de Freya e que assim que eu aprendesse os poderes que estavam designados a mim pelos deuses ela me deixaria livre para encontrar Loki. Assim eu o fiz, ela me ajudou a continuar meus estudos rúnicos e previ que Loki estava próximo porém estava com seus poderes muito menores e que seria eu a sacerdotisa que iria ajudá-lo a encontrar seus poderes que foram espalhados por Midgard por Odim em mais um de seus atos punitivos. Encontrei Loki como um da linhagem sombria criada por ele próprio que chamam de Lasombras, atendia agora pelo nome de Darius Minaev um lorde de um lugar na Prússia chamado Kiev, desde então ajudo meu lorde em sua empreitada para a reconquista de seus poderes divinos.
Agora, graças à senhora dele estamos indo até à Bretanha encontrar com os emissários de Odim em Midgard, uma linhagem que chamam de Ventrue e ajudá-los com os problemas com a própria linhagem de meu senhor.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O fim dos Grilhões (Parte III)


O Sol queima mais em Madrid do que em qualquer outro lugar do Mundo. Sempre que digo esta frase, alguém me pergunta, "Mas você é um Lasombra, só fica ativo a noite e o sol de Madrid queimaria você em poucos segundos, como pode saber disso?"
A resposta é muito simples. Eu fui amarrada a uma estaca e deixada para arder no sol de Madrid meus queridos. Sim ele queima mais que em qualquer lugar do Mundo e levarei as dores das queimaduras pro resto de minha pós vida. Sim ele me destruiria em poucos segundos, mas o Abismo quis que eu resistisse alguns segundos a mais e isso me salvou do pó. 
Por que aconteceu isso comigo? Tu perguntas...
Por que ousei contrariar meu senhor. Por que me neguei a ser sua prostituta particular, sua boneca de sangue. Por que ousei ser mais inteligente e ter mais afinidade com a terra do que com os mares e por que simplesmente escolhi evoluir com o tempo e com a história, e não ficar estagnado para toda a eternidade. Por que permiti que a escuridão da minha mente saísse pelo mundo e se misturasse com a escuridão maior que cerca toda a criação e se opoe a luz, ao invés de fazer apenas que ela saia de meu cérebro e afogue meu corpo.
Meu Senhor me queria morta. Pois eu não havia saido como o planejado.
Pois bem...essa noite acordei com o cheiro das cinzas.
Apenas uma grande e bela capa negra feita com o mais nobre couro e veludo tremulava na grande estaca de madeira.
Meu senhor havia experimentado o destino que desejara para mim e o couro quente a ponto de machucar os dedos é ainda outra prova de que o sol de Madrid queima mais do que em qualquer outro lugar do Mundo.
Principes tombam, anciões viram cinzas e uma nova era para os cainitas sensatos e justos começa para não mais ter fim. Uma era sem grilhões e amarras, sem regras ou ordens. Uma era onde cada cainita será responsável por seu proprio destino.
"Mas você é uma anciã, o que garante que não abusará de suas proles como teu senhor fez contigo?"
Muito simples meus caros...Por que eu sei exatamente o que minhas proles sofreriam se eu fizesse isso a elas, pois foi o que sofri, e por que eu sei exatamente o que fariam comigo quando se cansassem. Pois foi o que eu fiz.
Quanto a bela capa, cujo couro agora é gélido em minhas mãos e o veludo acaricia meu rosto ficará divinamente bela sendo usada por meu amado Darius.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O fim dos Grilhões (Parte II)


Finalmente os temores de Montano se tornaram reais. Finalmente fomos traidos por nossas crianças e jogados ao Sol por quem trouxemos para os braços do abismo e ensinamos todos os nossos segredos.
Sempre observei a decadência de nosso clan de longe, as patéticas alianças infundadas e os jogos de xadrez sem nenhum propósito. 
Antes éramos senhores da noite, temidos nos mares e em terra pois dominávamos aquilo que nenhum cainita pode existir sem. A escuridão, o silêncio e a Morte.
Vi quando vampiros patéticos de nosso Clan começaram a se misturar com a Igreja, com aquela imundice humana que me da ascos e me faz querer destruir cada criatura na face da Terra por sua estupidez.
Fiquei calada por muito tempo, mas levei meus temores a nosso Líder, que sensato, finalmente, me ouviu. "Mikaila" Disse ele, "Seu silêncio pode tersido nossa salvação e pode ser, agora, nossa destruição, cabe a você decidir"
Montano previu o destino de nosso fundador, mas chorou ao vê-lo destruido.
Hoje, eu, Montano e alguns poucos anciões estamos condenados a morrer com as presas de nossas proles em nossas gargantas, a menos que tomemos atitudes drásticas.
Dentre elas, está lançar longe o maldito tabuleiro de xadrez com os Ventrue e unir forças a nosso milenar adversário, que como todos os outros clans, também tem neófitos caçando seu sangue por toda a Europa.
Chegarei a Canterbury e darei a Letizia o Ultimato de seu senhor.
Se ela continuar com seu orgulho estúpido, terei eu mesma que acabar com sua existência em prol da de todos nós, verdadeiros Lasombra, a quem muitos agora dão a alcunha de Anti-Tribu. Somos agora exilados, pois o clan inteiro está tomado pela sede insana de poder e almas.
Espero que Letizia tenha herdado um décimo da sabedoria de Montano, pois eu a tenho nas mãos, e ela nem mesmo desconfia disso.